domingo, 15 de abril de 2012

conseguindo escrever

Após meses de abandono do Blog me sinto confortável em escrever um pouco. Nesse exato momento Julio esta na sala fazendo movimentos repetidos no carrinho com Paula e Maria assiste a um DVD. Me permiti pedir a ele 30 minutos pra me dedicar a escrita que pra mim é quase terapêutico. Os últimos meses foram um sufoco só. A maternidade em segunda mão é realmente desesperador pelo trabalho dobrado. Tenho que me dividir, dosar as palavras e atitudes, o trabalho físico em dobro e ainda pensar em todo o resto. Entre eu e Julio a coisa pegou.... Começamos o ano atordoados com tanta novidade e assim que os pais dele foram embora entramos numa grande crise matrimonial que me empurrou a Cuiabá por um tempo. Tivemos que repensar muita coisa e rever o caminho que tomamos. No fim conseguimos encontrar o caminho da harmonia novamente, assim que enxergamos as necessidades um do outro, o que estava difícil pois elas divergiam e divergem até hoje. Estamos hoje próximos de completar 7 anos de casamento, reza a lenda que existe uma crise nessa fase e que seria bom "pisar em ovos"nas atitudes. ESTOU DE ACORDO. Hoje já consigo novamente olhar meu marido e nos imaginar juntos por toda a vida. O que fiz pra retomar o caminho?? Nada demais, apenas usei bom senso e paciência. A chegada de Paula expôs meu maiores temores, retomei a duvida cruel que jamais serei uma mãe perfeita se quiser ser uma médica perfeita, que nunca mais terei uma noite de sono, que meu jovem corpo foi-se com a gravidez, que estou só nessa vida com duas filhas, longe de familiares e dependente de ajuda de alguém que não estava completamente preparado para dar. Dá pra qualquer um pirar. Me debrucei em torno de todos os livros que tentam ajudar o pós parto e quanto mais sabia mais pirava. Até no momento onde deixei a coisa rolar como dava. Maria voltou a escola, o fardo foi ficando cada vez mais leve e as coisas voltaram ao eixo. Hoje, vejo que há dias bons e dias maus , mas a certeza que tudo dará certo e a sensação de gratidão voltaram ao coração.
Há pouco li um artigo que muito me interessou. Apesar de não concordar em completo, me identifiquei muito e até troquei email com a autora. Reproduzo-o aqui para a eternidade.

REVISTA ÉPOCA DE 23/03/12 - POR CRISTIANE SEGGATO


"A primeira cena foi no supermercado. Um jovem casal em frangalhos, com aquela cara de quem trocou fraldas a noite inteira, divergia sobre o que colocar no carrinho. Pesado, difícil de manobrar, o carrinho transbordava de itens de primeira necessidade e muitas embalagens de comida semipronta. Daquelas que as pessoas enfiam no microondas e comem em poucos minutos quando o bebê permite.

Eram pistas da fase de semi-escravidão (ou será total) que quase todo casal com filho pequeno enfrenta. Na cadeirinha acoplada ao carrinho reinava o centro das atenções: como berrava o garoto cheio de dobrinhas cultivadas à base de sopa de mandioquinha e infelicidade dos pais !

Espiando de longe, senti pena da família. Eram três criaturas partilhando o sofrimento num corredor de supermercado em pleno domingo. Poderia ser diferente. Fiquei me perguntando por que a mãe não ficou em casa com a criança enquanto o pai fazia as compras sozinho. Ou vice-versa. Lá em casa sempre fizemos assim. E sempre deu certo.

A segunda cena foi num resort na Bahia. Daqueles caros, que a gente paga com esforço, acreditando que a semana de descanso será tão especial a ponto de compensar cada centavo. Um casal se ocupava do filho do raiar do sol à última mamada da madrugada (quase quando o sol estava surgindo de novo). Pai e mãe sempre juntos, como dois condenados atados a uma bola de ferro.

Não me esqueço da piscina. Era esplêndida. A lâmina d’água parecia estar no mesmo nível do mar. A cada braçada vinha a sensação de que a mão iria tocar o oceano. Senti isso várias vezes porque mergulhei muitas vezes – apesar de ter a responsabilidade de cuidar de uma filha de dois anos.

Fiz diferente daquele casal. O rapaz e a moça sofriam juntos, partilhavam as chateações, alimentavam e pajeavam o bebê, discutiam. O stress rolou solto. Sala de massagem, quadra de tênis, esteiras acolchoadas ao sol, serviço de primeira. Não vi a dupla aproveitar nada do que pagou. Provavelmente, no caso deles, a viagem ao paraíso entrou para a coleção de micos obrigatórios da paternidade que é melhor esquecer.

Também estávamos em três. Eu, meu marido e nossa pequena. Aproveitamos como nunca. Não inventamos a pólvora. Fizemos apenas o que pensávamos ser o óbvio: dividimos tarefas.

Fizemos um combinado que fosse justo para os três. Escolhi curtir tudo o que tivesse direito a cada manhã. Meu marido ficou com as tardes livres. Era um revezamento de tarefas. Tomava sol, nadava, fazia ginástica, massagem e o que mais eu quisesse. Enquanto isso, ele cuidava da filha.

Almoçávamos juntos. À tarde, invertíamos o turno. Eu cuidava da Bia enquanto ele se esbaldava como se nunca tivesse visto praia na vida. Nos dois períodos, nos encontrávamos para brincar. Os três juntos. Sem culpa, sem sobrecarga de um ou de outro. Se surgisse alguma obrigação (levar para dormir, dar almoço, banho, trocar de roupa) de manhã ou à tarde, o responsável pelo turno sabia que o outro tinha o direito de relaxar em paz.

Partilhar responsabilidades é fundamental. Mas partilhar responsabilidades não significa sofrer junto. Pode ser sofrer separado. Para depois ser feliz separado e ser feliz junto. Para nós, essa sempre foi uma regra básica.

Ter liberdade. Assegurar que cada um tenha um tempo só para si. Para respirar, para viver sua individualidade e voltar renovado para a convivência a três. Se o rapaz gosta de ir ao estádio de futebol ou sair com os amigos, esses momentos precisam ser preservados. Se o prazer da moça é ir sozinha ao cinema, ler, zanzar pelo shopping, sair com as amigas, ele também precisa ser preservado. Mesmo com filho pequeno em casa. Sem esses espaços individuais assegurados, é alto o risco da insatisfação e do stress virar depressão.

Essas cenas saltaram de algum lugar da minha memória nesta semana, quando li a respeito de uma pesquisa realizada por Steven Rhoads, professor de ciência política da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos.

Ele decidiu investigar qual era o grau de satisfação de professores universitários durante a execução de tarefas corriqueiras ligadas à criação de filhos pequenos. Coisas como trocar fraldas, dar comida, acordar no meio da noite para acudir o bebê que não para de berrar etc.

A amostra era composta por 181 professores heterossexuais que tinham crianças com dois anos de idade ou menos. Considerando todas as tarefas envolvidas, o grau de satisfação das mulheres no cuidado com os bebês foi 10% superior ao dos homens.

Será que as mulheres acham que acordar no meio da noite para trocar fraldas é realmente prazeroso? Não é o meu caso. Talvez não seja o da maioria. Provavelmente, as respostas das mães estejam contaminadas pelo papel que a sociedade espera delas.

“Algumas mulheres podem ter respondido que seu grau de satisfação é mais elevado do que realmente é por pressão cultural ou por culpa”, disse Steven Rhoads à revista do The New York Times. “Mas algumas habilidades femininas na criação dos filhos são determinadas biologicamente.”

Um exemplo: mulheres com níveis elevados do hormônio testosterona costumam demonstrar menos interesse pelas tarefas relacionadas aos bebês. Além disso, os níveis de testosterona diminuem nos homens que acabam de se tornar pais. É um mecanismo biológico que ajuda na criação de vínculo entre o pai e o filho que tanto precisará dele.

Felizmente, mais homens partilham com as mulheres as tarefas corriqueiras da criação dos filhos. Trocam fralda, dão banho, levam para passear, buscam na creche etc. Nos Estados Unidos, o tempo que os homens passam com os filhos dobrou desde 1985. Pelo que vemos nas ruas, no Brasil o fenômeno não deve ser diferente.

Homens e mulheres dividem mais funções na criação dos filhos. Isso é ótimo. Mas dividir o peso das chateações não significa suportá-las o tempo todo sobre quatro ombros. Alternar os ombros que sofrem e os ombros que flanam pode ajudar a manter a harmonia da família. Isso também é saúde."


sábado, 22 de outubro de 2011

Dentro de mim habita um ser....


Outubro
Setembro
Junho

Apenas fotos pra verem a barriga, a mais recente foi no dai 15 no aniversário de Maria

Aninhando....







Quando a hora do parto vai se aproximando dizem qeu a mulher começa a liberar seus instintos maternais, incluindo aí o ato de preparar o ninho pra chegada do novo morador. Essa semana tive meu surto de aninhar e comecei a me preparar. O quarto das meninas será junto, logicamente. Maria ainda dorme no colchão no meu quarto, mais mesmo assim comprei uma cama de gente grande pra ela e montamos sozinhas (as mulheres da casa, pois o pai não é muito adepto a artes manuais....). Maria adorou a idéia mas nao dormiu ainda na cama. Quanto a decoração, tenho a estranha mania de não seguir padrões e exemplos e tornar tudo mais difícil. Após uma olhada nas revistas infantis nada me agradou de verdade, e além disso esse também será um quarto temporário como foi o de Maria. A idéia partiu ao ver uma reposrtagem na CASA CLÁUDIA sobre customizar comodas com papel contact. Entrei no site escolhi uma estampa, comprei dois rolos de um florido meio psicodélico e daí partiu tudo. A comoda foi logo repaginada e ficou como na foto, agora já com puxadores diferentes, de porcelana brancos.
A paleta de cores ficou rosa,a zul e verde. Em setembro fui a SSA e percorrendo lojas de bbs achei um kit berço azul e rosa floral discreto, comprei. Foi tão gostoso comprar tudo assim pronto de uma vez só... De Maria foi tudo tão regrado e com Paula me deu uma sensação boa comprar roupinhas, enxoval, sonhar. Quem disse que segundo filho nesse ponto é diferente, não poderei concordar, por aqui o segundo foi mais privilegiado em alguns aspectos.
Aqui em Dourados fiz o enxoval de Maria baseado no modelo de Paula e ainda não está pronto. Acho que a porta de maternidade ficará fofa, mas só vendo pra comprovar.
Ontem o pai empolgou e com a ajuda da PIMA montaram o berço. A Maria eufórica em dar a mini cama a irmã, ficava falando "mãe quero ajudar". Dei a parafusadeira na mão dela e ela se sentiu apertando todos os parafusos do berço. UMA FOFURA SÓ!! Dessa vez fiquei só na coordenação dando ordem. Minha barriga anda me cansando muito.

sábado, 20 de agosto de 2011

PAULA


Minha segunda gravidez, como a primeira, foi super desejada e esperada. Ficamos quase um ano tentando e sempre quando é assim rola um medo de não dar certo.... já estava na fase de olhar irmãos e o coração apertar, de ver propaganda e chorar (uma da UNIMED que dizia "a maravilha de ser mãe pela segunda vez") de imaginar a solidão de Maria. Mas como pra tudo há seu tempo debaixo dos céus, Deus no abençoou de forma abrupta em março deste ano. Na gravidez da Maria eu tinha certeza que estava grávida; sonolenta, como seios fartos e menstruando religiosamente há 6 meses. Nesta não sentia nada.... menstruação toda irregular e saindo de um pulso de anticoncepcional. Estava eu e a minha nova filha mais velha, Maryella, (minha prima que mora conosco) no shopping com Maria, quando fui ao banheiro e me senti uma gordinha. Uma barriguinha que não existia apesar da dieta e academia. Julio viajando havia 15 dias. Às 22h passamos em uma farmácia compramos um teste rápido e a SURPRESA : POSITIVO! Era uma sexta feira a noite, no sábado já colhi o sanguíneo e comecei a preparar como contar a novidade de forma que refletisse toda minha felicidade. Julio chegaria nesse dia. Preparamos tudo: As pistas feitas de forma a entender que uma nova aventura começaria. Deixamos tudo para que Julio percorresse a casa toda até abrir a caixa.

Preparando as pistas. Maria participando de tudo. Entendeu? não estava bem certa disso....

Recepção na porta de casa
NA pista numero 1 eu e Maria convidavámos pra aventurar-se num mundo mágico em dezembro de 2011.
Na cabeça dele eu havia comprado um pacote turístico....

Para vir ele teria que aumentar sua capacidade de amar
No fim encontrava uma caixa sobre a cama com os resultados e a mensagem que a aventura recomeça....


Nesse intervalo copiei o resultado do exame de sangue e fiz cartas "oficiais" às minhas duas grandes amigas douradenses, Cris e Rô. Era da UFGD com um Profa. Dra. e solicitava resposta urgente. Na hora de abrir foi aquela gritaria e chororô pra todo lado. Filmei tudo na camera escondida. Foi lindo. Elas então levaram todos de casa pra almoçar e eu fiquei escondida esperando o Julio. Ele chegou numa casa vazia e silenciosa, deixei a camera ligada pra ver a reação dele ao abrir a caixa. Ele seguiu todas as pistas, abriu a caixa soltou um - mentiraaaaaa (bem baiano) e começou a chorar. Eu apareci nos abraçamos, agradecemos a Deus e choramos pacas! FOI LINDO....

Hoje estou na 27a semana de gestação. O início parecia tudo diferente da primeira, mais enjôos, mais sono, mais hipotensão, cabelo oleoso, espinhas. Comecei a pensar que era menino por parecer diferente. Mas no fundo eu pensava que ia ser tão legal se fosse menina, Maria ia aceitar melhor, teria uma companheira, já tinha tudo pronto.... Eu tenho uma relação tão legal com minha irmã e fiquei imaginando como seria só com meu irmão. Julio afirma que eu estava pedindo uma menina, isso nao é verdade. Mas que eu via familia com duas meninas e achava mais bonito isso eu achava. Certa vez na igreja Maria falou pra amiguinha que se fosse menina ia chamar Natalia. A amiga vira : e se for menino? - EU NUM QUÉ MENINO! AHHHHH quase infartei. Acho que por isso fiquei mais ansiosa pra saber o sexo. Fiz sexagem na 8 semana (ganhamos de um amigo nosso) e foi inconclusivo mas dizia que havia grande chance de ser menina. Confirmei em Cuiabá em Junho no aniversário de samuel. Uma linda e saudável menina!!! EBAAAAAAA. Hoje percebo que a gravidez das duas esta sendo semelhante, eu que havia me esquecido dos sintomas do início mesmo. Acho que a diferença esta na capacidade. Me canso mais pois durmo menos, pois tem Maria. Meu corpinho não é mais o mesmo, mais flácida, mais gorda, mais dor lombar. Na verdade que DOR. Umbigo mais proeminente, peito mais caído e menos turgido.... Quanto a ansiedade - sinceramente não vejo muita diferença, ando tão ansiosa quanto a primeira. Louca pra ela nascer, sonhando com o quartinho e a rotina, preparando os mínimos detalhes e lógico me sentindo a mulher mais especial do mundo. Logo posto fotos da barriga. Quanto a Maria ? vejam a postagem no blog mariacroda.blogspot.com pra saberem como ela está encarando a novidade.

Já na 36 semana resolvi dar uma atualizada nesta postagem. A gravidez inteira foi muito cheia de grandes acontecimentos, teve a defesa do mestrado no dia 04/09 que ocupou meus dias por meses, pois tem qualificação, stress, arruma aqui, corre dalí.... Depois aniversário de Maria que esse ano comemoramos em buffet com mais convidados e a novidade de recepcionar os amiguinhos da escola. A festa foi no dia 15/10 com direito a família em peso. Além disso tudo, ainda tem a construção da casa que iniciou em junho.... só agora posso me dedicar exclusivamente a pensar em Paula. Ok, de novo estou atrasada com os preparativos! Veja nova postagem....

domingo, 19 de junho de 2011

Breve resumo de uma vida que não cabe em meias palavras.


Nosso ano de 2010 foi bem conturbado. Talvez a palavra que o resuma seja TEMPO. Foi isso que nos faltou esse ano. Assumindo a missão, o mestrado, a função materna/esposa/do lar e ainda meu emprego no HU, minha vida se tornou um caos. Eu e Julio acabamos divergindo sobre alguns pontos e só Deus sabe como aguentei. Tudo era feito na madrugada e Maria se contentava com minhas sobras... dureza escrever isso. No fim do ano , bem na véspera do Natal Julio nos deu um ultimato: vida nova por favor! Vi-me deixando a missão na integralidade e tendo que recomeçar uma nova fase de nossas vidas, a da Mari com mais tempo. Como foi duro e aspero aceitar isso, sofri, me senti privada de realizar meu sonhos, amputada da minha liberdade real, aquela que sempre valorizei tanto. Hoje meses após o turbilhão de emoções já passado, vejo que só assim eu teria limite. Nesse interím tanta coisa aconteceu.... Maria desenvolveu tanto e talvez eu tenha aprendido a amá-la mais, conseguindo agora enxergar seus quereres. Meu mês de Janeiro foi dedicado a ela, consegui tirar fralda e ela finalmente soltou a lingua. Fevereiro chegou a escola e com ela foram-se mitos e medos que tanto me atormetavam. Maria desabrochou. Março a mais deliciosa das notícias, GRÁVIDA! Ah mais isso merece uma postagem exclusiva né?.
Refletindo vejo que o mundo anda tão cruel com nós mulheres, são tantos leões a matar por dia que chegamos a um perigoso limite, o da sanidade. Será que em meio a tantas funções conseguimos enxergar a realidade na integralidade, ou apenas tentamos fazer tudo dar certo?Lógico que não tenho ócio produtivo ainda. Tenho minha profissão, A Maria, o Julio, A casa (a construir), o mestrado a terminar, minha fé a nutrir e ainda me culpo por ter um intervalo de 2h pra almoçar... Coisas que imputaram em nós.
No fim valorizo cada nova fase e sinto-me viva com tamanhas mudanças que vira e mexe chegam a mim, não tenho medo de ousar e tentar. Mas o melhor é o aprendizado que levo a cada recomeço... Vamos lá recomeçar: A PAULA VEM AÍ! (VIDE POSTAGEM DA GRAVIDEZ....)

domingo, 28 de março de 2010

Missão: novo velho nome


Todos que me conhecem por dentro, conhecem também o meu desejo de ser diferente. Acho que desde que me entendo por ser pensante, gosto do diferente. Certa vez em meios a discussões filosóficas com minha psicanalista particular, minha irmã e melhor amiga, revelei o meu medo de me achar normal. Na infância eu era um menino. Não me interessava pelas coisas do gênero feminino, amava fazenda, cortes de cabelo estranhos, tênis e bicicletas. Na adolescência... ichiiii, melhor pular essa parte, mas resumo-a dizendo que foi algo diferente da maior parte dos jovens de minha classe social em minha então pacata Cuiabá.
Quando me aprofundei no estudo da Bíblia (algo mega diferente pra todos ao meu redor), descobri também que nao queria aceitar o que era normal. Descobri então o mais diferente dos mundos. O verdadeiro mundo cristão e me tornei evangélica. Dentro desse novo diferente mundo me interessei por várias coisas novas: fui radical , amaciei, racionalizei e montei minha fé que está firme até hoje. A visão missionária sempre me encantou. Tentei aliar essa visão com minha profissão e vi que seria um casamento perfeito. Muitas reviravoltas depois, vi que ser missionária pela igreja não estava ao meu alcance. Tentei então o médicos sem fronteiras: PERFEITO! Estava em Paris, sem nada concreto a fazer pronta a realizar um sonho.... BËEEM!!
A coisa nao é tão fácil assim.... Por mais maravilhoso que meu marido seja um ano sem ver a esposa não dá. Conclui que alguns sonhos não cabem mais na minha vida NORMAL. O jeito seria aceitar e seguir a vida. Trabalhar , ganhar dinheiro, comprar bens, ter filhos e montar a vida dentro de um sonho americano. Com a chegada de Maria, tudo ficou claro. Entendi por que a gente se acomodava em nossos micro universos e passava a viver só pra eles... é um amor sobrenatural mesmo.
Mudança pra Dourados, nova vida, novas realidades. Descobri que Deus me deu um companheiro a altura, alguém que nao se acomodou em viver a vida que estava preparada pra ele e ousou desbravar uma nova história em meio ao cerrado brasileiro. Optou pelo não óbvio. Em Dourados descobri a missão evangélica Caiuá. Um lugar com 82 anos de idade que comporta missionários de todas as partes do mundo que se dipõe a evangelizar e servir ao índio. Um lugar com um hospital indígena exclusivo que cuida de uma população extremamente excluída por aqui. Apaixonei na hora... Espalhei meu interesse em trabalhar lá inúmeras vezes dentro e fora da igreja, mas a coisa ficou morna e eu me acomodei.Dentro das minhas orações falava a Deus que era o único lugar onde eu realmente queria trabalhar... Mas no fundo já havia me conformado que talvez eu não era boa o suficiente para o obra.

O tempo passou e recebi o então sonhado convite.... minha vida tornaria uma loucura, trabalharia em dobro, abandonaria em parte o HU onde já havia iniciado um trabalho muito bacana, Maria ficaria mais sozinha e ainda tinha o mestrado que iniciaria em março... Muitas conversas a dois e falei a frase final: não existe a possibilidade do não. É como se eu negasse tudo que sempre acreditei e preguei desde o início, desde a infância, como se eu negasse o SIM de Deus. Topei...

O previsto aocnteceu. a vida realmente ficou uma loucura. Trabalho das 13 as 19hs de segunda a sexta no Hospital e maternidae Porta da esperança. Faço de parto a arrancar bicho de pé. Tenho alunos e residentes. Minha casa esta entregue. Agora uma empregada chega as 11h e só saí quando chego. As vezes tenho 20 minutos de almoço. Chego em casa e só Deus sabe de onde tiro forças pra me dedicar só a Maria. Perdi o sono e a sanidade nos primeiros dias.

Hoje a coisa entrou na rotina. Sou a mais realizada das mulheres ao dizer que trabalho na Missão. estou aprendendo Guarani e me orgulho disso. Me sinto útil ao extremo. Acho que o preço é alto, mas válido. A sensação é de que não me acomodei. Apesar do turbilhão que vivo, consegui colocar Deus e meus valores sobre tudo. Não SOU NORMAL!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

À todas as mães




Hoje compreendo todas as mães do mundo. Juro que as compreendo. Compreendo até mesmo aquelas que dão coca-cola na mamadeira e as que jogam seus pequenos do nono andar. Já dizia o poeta (poeta, meu poeta camarada...) que filhos por que Tê-los? Mas se nao temos como sabê-los.... Diz tudo. Só quem tem filho sabe. Só quem tem filho sabe o desespero de ve-lo chorar sem ninguém saber por que. Sabe a dor de vê-lo doente. Sabe como é pesado e as vezes solitária a criaçao de um ser. Sabe como é frustrante e ao mesmo tempo recompensador a rotina materna/paterna.
Descobri que em meio ao meu perfeccionismo barato mora uma mãe como todas as outras. Uma mãe que cedeu a chupeta e ao poder do NAN. Que não conseguiu amamentar sua filha até os dois anos e meio como prometera. Que chorou desesperada a primeira vez que a filha vomitou (lembra Taty?) e que a deixou cair da cama (ahhhhh sim eu fiz isso). Sim sou humana. Hoje cuspo na cara dos babacas que pregam o aleitamento acima de tudo e esquecem de pobres mães que não conseguiram amamentar sua prole, dos ignorantes que julgam a mãe que carrega seu filho pra cama dela diariamente e dos fracos de alma que crucificam a pobre coitada que deixou um acidente doméstico acontecer. Sempre penso na hora de sair que todos deveriam compreender a mãe gordinha e descabelada na festa. Eu arrumo Maria, arrumo a malinha, penso no carrinho, chupeta, mamá... e sobram 5 minutos para aprontar-me....

Continuo sendo a prefeccionista de sempre, e aos nove meses Maria ainda nao ingeriu nada industrializado, mamou peito até o sexto mês e dorme em seu bercinho diariamente. Com a seguinte ressalva: a mãe dorme com ela toda a noite e o pai fica solitário na camona de casal...
A sumula é: a maternidade é pesada demais. Não engordemos esse peso ainda mais.
Mães e Mari (eu mesmo... só pra me lembrar de nao esquecer) faça do nascimento de um filho algo leve e indolor. Muitas regras acabam comprometendo a serenidade e levando a insanidade. Por incrível que pareça os filhos sobreviverão APESAR DE nós... Deus protege. Ah é pra ressaltar:você fará as coisas que sua mae fez, incrível como me vejo nela.