quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
domingo, 11 de novembro de 2007
Nem só de pains, vins e fromages o homem viverá...
Mari finalmente abandonou a vida de "médica-do-lar"e começou o tão sonhado estágio no Hospital Necker enfantes malades. Está na unidade de maladies infectieuses com o fofo prof Lortholary. Como sempre, tudo que envolve médicos e medicina tem um clima austero. Há uma competição entre internes (residentes), externes (internos) com o constante medo da opinião magistral do médecin atachè, bem como a sala do almoço exclusiva para médicos onde ninguem além entra, e ainda submeta-se a loucura das tradições quase religiosas inventadas por aqui. Mas no fim, todos têm um pouco de doçura em si e o Necker tem sido maravilhoso em muitos aspectos.
Profissionalmente a França tem sido genial para nós, há um ano vivemos a experiência dos EUA, e saímos de lá cuspindo no chão e sacudindo a poeira dos pés prometendo jamais voltar. Aqui não, aqui é um daqueles lugares que se pensa em voltar , em trazer os amigos , em jamais sair...
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
De que valeria tudo isso.
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Do alto Reino dos países baixos.
No segundo dia fomos visitar a casa da Anne Frank é um museu super especial e emocionante... Percorrendo as peças e as estreitas escadas, é possível reviver os sentimentos daquela família que viveu escondida por cerca de dois anos. No antigo quarto onde Anne se escondia, ainda estão as fotos de sua coleção de artistas, que ela usou para decorar as paredes. O diário escrito por ela ficou famoso no mundo inteiro, mas há muitas coisas além para se achar por lá. As comoventes cartas de Otto Frank, pai da menina e único a sobreviver, escrevendo para parentes na esperança de reencontrar Anne. O museu também mostra vídeos com depoimentos de pessoas que conviveram com ela, e no fim uma enquete sobre temas polêmicos da atualidade. Enfim valeu muito a pena.
Eu e Tânia disputando o espaço com as outras crianças
O Julio utilizando o discreto banheiro publico local
Essa é para estimular a Imaginação...
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Paris, parte II: êita povinho estranho!!!
Nossa casinha. Calma, nos 5m restantes ainda tem cozinha e banheiro
O SMART, fomos feito um para o outro...
Acho que a pequenice das moradias leva o francês a curtir mais as áreas externas, deve ser daí a origem do gosto pelos piqueniques, a bela manutenção dos parques, as piscinas publicas lotadíssimas, os bistrôs animados.Mas com uma ressalva, nada demasiadamente noturno, aqui tudo acaba cedo. Respeite a hora do metro pra voltar pra casa.
Política: Uma característica francesa marcante é a divisão do poder entre um presidente, que tem sob sua responsabilidade as relações exteriores e a defesa da nação, e um primeiro-ministro, que cuida de todo o resto. Essa mistura tão francesa de presidencialismo com parlamentarismo, inventada por Charles de Gaulle, funcionou bem, sob a batuta de presidentes carismáticos como François Mitterrand, socialista, que reteve durante 14 anos uma autoridade quase monárquica enquanto o conservador Jacques Chirac comandava o Parlamento. Este é um país onde o governo fica com mais da metade das riquezas produzidas, e ainda assim gasta mais do que arrecada. A palavra aqui é SUBSIDIAR. A França garante a saúde de seus habitantes do berço à UTI, educação gratuita e até subsidia as refeições nos bistrôs, para evitar que os botecos tradicionais sejam engolidos pelo fast food americano. Aqui o governo é mãe, e não é só na saúde ou educação, é ele que concede a babá pro novo membro da família, o material escolar, a faculdade... Além disso é o maior empregador do País, tudo dentro de um contexto tentador: jornada de trabalhode 35 horas semanais, o salário mínimo de 1.450 dólares, as férias são prolongadas e a aposentadoria precoce (60 anos). Sugiro assistir o novo documentário do Michael Moore (SICKO) que exemplifica maravilhosamente o que queremos dizer.
Paris tem uma prefeitura que reflete todo esse cuidado francês. Os seus são muito bem cercados, os outros nem tanto. Nós não podemos no queixar... O Julio nos sustenta com uma uma bolsa-de-estudos francesa ,almoça banquete a três euros em restaurante subsidiado, eu faço um curso de frânces SUBSIDIADO pela prefeitura, estagio em hospital público recebendo alimentação e transporte pago pelo estado. Ou seja, estamos aproveitando da boa-vontade parisiense. Olhando superficialmente é um esquema perfeito, exceto pelo enorme buraco no Tesouro Nacional. Percebe-se que quem sofre as consequências não são os nascidos em berços tradicionais ou na classe média, mas os pobres, muitos descendentes de imigrantes do norte da África e do Oriente Médio, grupos que crescem no país a cada dia. Os respingos começaram a cair sobre os franceses na forma de revoltas - em 2005, lembram-se? a falta de emprego foi um dos principais motivos que levaram jovens marginalizados a queimar carros e prédios nos subúrbios de Paris. Acredito este ser o grande atual dilema francês: a imigração. Como se proteger sem segregar, como manter esse esquema sem excluir. Eles vivem isso diariamente, seja nos seus notíciarios, seja nos BOF escutados no metro e boulevares sempre que um estrangeiro não anda conforme a música... O mundo perfeito está sendo invadido.
Das peculiaridades francesas, me recuso a divagar sobre os estereótipos disseminados pelas outras nações, coisas do tipo, eles não gostam de tomar banho, são fedidos, grossos, odeiam estrangeiros... Queremos falar de outras percebidas nesse tempo. Destaco uma que amo, a POLITESSE. São tantos monsieur, madame, vous , c'est gentil, excuse moi, mercis. Eles valorizam isso como ouro. Nas escolas de língua somos constantemente doutrinados a não fugir a regra e manter a politesse em tudo, nos tutoyer (em vez de vous usar o tu) apenas para os amigos mais íntimos.
Outra característica local, são os persistentes resquícios provincianos que insistem em permanecer e guerrear com a modernização local. Percebemos isso no mês de Agosto, o mês das grandes férias parisienses. Paris fica entregue as moscas (e aos turistas que lotam a cidade). Todo mundo viaja. As padarias fecham, alguns supermercados, lojas e lojas, encontrar um lugar pra revelar foto foi um custo (em pleno mês que registra-se o maior número de turistas). Eles não ligam, férias são férias... Aqui não existem coisas como supermercado 24h, ou aberto aos domingos. As lojas seguem seus horários religiosamente, mesmo se vc estiver na fila pra pagar, terá que voltar outro dia. C'est fermé!!! Talvez seja daí a fama de bons vivants (não muito adeptos das atividades laborativas). Existe ainda o fato do banco demorar pra registrar uma movimentação, o extrato de hoje só revela os gastos que foram realizados 3 dias atrás, a luz é medida duas vezes ao ano, o almoço dura duas horas....
Bom, Ça c'est Paris, 'melange' de cultura, tradição, arte, poesia.... conflituosamente uma cidade apaixonante.
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Paris, a primeira de muitas... Parte I: A LÍNGUA
Paris é famosa pela sua culinária, pela arte, pela sua torre, enfim todo mundo tem uma imagem montada de Paris, mesmo sem ainda conhecê-la. Assim também éramos, mas vivendo aqui conseguimos analisar a cidade e seus moradores e montar uma nova Paris, a nossa. E é dessa Paris que vou falar.
Nosso primeiro grande obstáculo, sem dúvida foi a língua. As pessoas pensam que as línguas derivadas do latim são parecidas, e portanto mais fáceis de aprender. O frânces foge a regra... Definitivamente 6 meses em Paris será pouco pra conseguir a tão almejada fluência, mas continuamos tentando. A fama que o francês odeia quem não fala francês, não é de todo uma lenda, na verdade o francês odeia quem não é francês! Mas o caso é que eles não falam inglês(ou pensam que falam) e gostam que você tente falar a língua deles. Já chegar perguntando em inglês chega a ser um abuso , inicie com um - Parlez-vous anglais?- Que eles já se sentirão especiais.
O Julio fala inglês no Pasteur, e portanto tem praticado menos. A Mari (eu) caiu a ficha no primeiro mês que se ela não falasse francês, as portas francesas continuariam fechadas. Se arriscou à quatro semanas de Aliança francesa, que foram essenciais. A metodologia é bem lenta , aprendemos a mesma coisa várias vezes ... oq parecia ser sacal, descobri depois ser valioso. Só havia um problema, O CUSTO. A aliança é caríssima, e não caberia no nosso orçamento. Descobri então que os resquícios socialistas incrustados na política local também me beneficiariam . Há um curso de francês pela prefeitura de Paris (http://www.cours-municipal-d-adultes-cma.cma-paris.org/) que é uma pechincha 110E 90h/ semestre. Após provas e provas, finalmente iniciei o curso !!!
Temos conseguido vencer esse primeiro obstáculo. Já conseguimos manter uma conversa entre amigos, nos fazemos ser compreendidos, e compreendemos bem. Já olhando retrospectivamente, esse foi um dos grandes ganhos da viagem: mais uma língua. Foram livros e livros comprados pra nos ajudar nessa empreitada. Os de gramática com execercíos corrigidos, são fundamentais.
Essa conquista de falar uma nova lingua também serviu pra acordar o desejo latente de fugir do inglês. 'Já sonhamos em quando voltar ao Brasil, iniciar o aprendizado do espanhol, ou italiano, coisas que antes nem pensaríamos, pela idéia secular que somente o inglês basta. Veremos lá se conseguiremos.... O fato é que agora já podemos falar que - oui, Bien sûr, je parle français!! Amamos isso, amamos falar francês, e por que já não dizer, amamos o francês em sua totalidade.... À bientôt !
terça-feira, 9 de outubro de 2007
e Dio creò l'Italia
No sábado pegamos um ônibus até Veneza, 1 E e em 15 minutos estávamos percorrendo as estreitas passagens e curtindo a beleza singular da sereníssima. Pegamos uma Veneza fria e chuvosa, mas não menos bela. Estive aqui em abril, na ocasião fiquei muito mais estupefata com a beleza local, mas dessa vez já me senti em casa. Como diria meu chefe "quisera eu nunca ter lido um conto de Machado de Assis, pra re-sentir toda a emoção da primeira vez." A Europa já virou meio que quintal sabe, e depois de morar em Paris, tudo fica um pouco menos belo.
Encontramos o resto da trupe milagrosamente na Piazza San Marco, onde uma multidão se espremia fervorosamente em suas mais diferentes línguas. Subi num monte de plataforma e fui avistada pelos comparsas rapidamente. Iniciamos pela Basílica de San Marco que fecharia na próxima hora (aos domingos fecha as 13:30h). Revendo meus manuscritos da primeira viagem, vimos toda a história do lugar. A grande disputa de vaidades que foi a inspiração para a construção tão grandiosa, a história de São Marcos... Dica para quem vai de mochila, é já deixa - lá no guarda volume gratuito da igreja (ruazinha ao lado) antes de entrar (proibido entrar com). Vimos o tesouro que fica atrás do altar ,todo em ouro e pedras preciosas retratando passagens Bíblicas. Belíssimo...
De lá fomos curtir Veneza, ver Rialto e seu mercado, o gran Canale, a ponte do suspiro. Vale a pena estudar a historia, a importância de Veneza como cidade portuária, sua decadência, a conquista de Napoleão Bonaparte, os prisioneiros e a ponte do suspiro....
Fomos “presenteados” pela chuva e pelo frio que nos pegou literalmente de calças curtas. Tentamos nos esquentar com um vinhozinho mas mesmo assim trememos de frio com o mar aberto da piazza. Terminamos o dia curtindo a música ao vivo dos restaurantes chiques do lugar.
Como aos domingos tanto a basílica de São Pedro, como o Museu do Vaticano estão fechados, decidimos conhecer Roma a pé. Com nossos super guias (Jorginho e Gracie já estavam em Roma a mais tempo e mais ambientados ao lugar) saímos do vaticano e fomos beirando o rio Fiume Tevere, até chegar ao ponto turísticos::: Aí haja perna... Monumento Victorio Emanuele, foro Traiano, Foro di Augusto, Foro di Cesare, Pantheon, Piazza Navona ( a Fontana dei quattro fiumi estava em reforma e deu pra vê-la somente entre os Tapumes), fontana di trevi (lindíssima), Pantheon (espetacular), Campidoglio de onde avistamos de sua parte posterior o que Roma realmente guardava para nós.
Não há foto no mundo que retrate a emoção de ver o senado, Fórum, Coliseu, Palatino... Todos os gigantescos escombros que refletem que tudo o que sempre aprendemos sobre a historia, realmente aconteceu. É magnífica essa sensação... Só por isso já valeu a viagem.
Na segunda-feira, já despedidos dos nossos amigos, fomos tentar ver tudo o que faltava (e olha que faltou muita coisa). Voltamos ao Vaticano onde chagamos por volta das 10h, a fila para o Museu do Vaticano estava GIGANTESCA. Resolvemos então deixar a capela Sistina nos sonhos e curtir a Basilica de São Pedro. Que lugar magnífico, curtimos tudo com muito calma. A visita ao túmulos papais e São Pedro é algo tão emocionante... Ver as pessoas ajoelhadas frente ao túmulo de João Paulo II, o tumulo do apostolo Pedro, o clima do lugar. Não há palavras que refletirão a emoção, tem que ir lá e sentir. Ficamos horas dentro da Basilica aprendrendo da historia do lugar, turistando tudo o que podíamos. Vimos a Pietá de Michelangelo com todos os seus detalhes, São Pedro em Bronze com o pé tão lizinho, as obras de Bernini (o Baldaquino é gigantesco, a Glória me fez chorar mais uma vez, a imagem de São Longuinho), a cúpula projetada por Michelangelo, os marmores e ouros por todos os lados.....
De lá resolvemos fazer Palatino e Coliseu direto para não mais perder tempo. Havíamos decidido entrar só no Palatino, mas descobrimos que não tem como desmembrar a entrada, e tem que ser para os dois (11E). Vale cada centavo!!! O monte Palatino é uma das sete colinas de Roma e nas suas encostas foram construídos, de um lado, o Fórum Romano, e do outro, o Circo Máximo. É nesta colina que se encontravam, agora em ruínas, os palácios de César Augusto, Tibério e Domiciano. Fomos embora, prometendo voltar com calma e pra passar no mínimo três dias, que acho que é o mínimo para conhecer Roma.
Bom esse foi o “resumo” de nossa aventura.... Farei futuramente um estudo melhor da história e das melhores dicas neste blog. Já deixo algumas dicas para jovens casais, não milionários como nós, que amam viajar::
1) Hotel: dá pra se arriscar e tentar conseguir um na hora, sem reserva, mas não faça como nós e não chegue domingo as 7h da manha. Eles liberarão o quarto só após as 11h.
http://www.albergobergamo.com/ Não vi o quarto , mas gostei do aspecto do lugar. Sem café 65E para o casal.
http://www.romanticaonline.it/ Ficamos hospedados neste e dou as melhores recomendações. 85E o casal com café.
Se houver a opção sem café da manhã pegue essa. Como toda a Europa, o café não vale a pena também em Roma.
2) Comida: Existem muitos “pega turista” em todos os lugares com seus menus a 10E incluindo bebida e sobremesa. Cuidado, eles vão colocando coisas como pão e café e cobram absurdo no final. Almoçamos em um restaurante ótimo que chama Pastarito (www.pastarito.it) que é muito bem servido e preço camarada, tem em vários lugares de Roma. Nós o achamos próximo a estação Termini.
Sorvete: Não compre os que são vendidos próximo ao Coliseu. Os da Fontana di Trevi são os melhores...
3) Transporte: Saí da loucura das 14 linhas de metro de Paris, e peguei o A e B de Roma, que não deixa a desejar, dá pra fazer tudo de metro, inclusive Vaticano.
4) Passeios : Minha única dica pra fugir das filas do Coliseu é começar pelo Palatino, onde vc compra o ingresso para os dois lugares e entra direto no Coliseu depois. A bilheteria do Palatino fica próximo ao Arco de Tito.
Vá o museu do Vaticano antes das 9h ou ao meio dia.