domingo, 28 de março de 2010

Missão: novo velho nome


Todos que me conhecem por dentro, conhecem também o meu desejo de ser diferente. Acho que desde que me entendo por ser pensante, gosto do diferente. Certa vez em meios a discussões filosóficas com minha psicanalista particular, minha irmã e melhor amiga, revelei o meu medo de me achar normal. Na infância eu era um menino. Não me interessava pelas coisas do gênero feminino, amava fazenda, cortes de cabelo estranhos, tênis e bicicletas. Na adolescência... ichiiii, melhor pular essa parte, mas resumo-a dizendo que foi algo diferente da maior parte dos jovens de minha classe social em minha então pacata Cuiabá.
Quando me aprofundei no estudo da Bíblia (algo mega diferente pra todos ao meu redor), descobri também que nao queria aceitar o que era normal. Descobri então o mais diferente dos mundos. O verdadeiro mundo cristão e me tornei evangélica. Dentro desse novo diferente mundo me interessei por várias coisas novas: fui radical , amaciei, racionalizei e montei minha fé que está firme até hoje. A visão missionária sempre me encantou. Tentei aliar essa visão com minha profissão e vi que seria um casamento perfeito. Muitas reviravoltas depois, vi que ser missionária pela igreja não estava ao meu alcance. Tentei então o médicos sem fronteiras: PERFEITO! Estava em Paris, sem nada concreto a fazer pronta a realizar um sonho.... BËEEM!!
A coisa nao é tão fácil assim.... Por mais maravilhoso que meu marido seja um ano sem ver a esposa não dá. Conclui que alguns sonhos não cabem mais na minha vida NORMAL. O jeito seria aceitar e seguir a vida. Trabalhar , ganhar dinheiro, comprar bens, ter filhos e montar a vida dentro de um sonho americano. Com a chegada de Maria, tudo ficou claro. Entendi por que a gente se acomodava em nossos micro universos e passava a viver só pra eles... é um amor sobrenatural mesmo.
Mudança pra Dourados, nova vida, novas realidades. Descobri que Deus me deu um companheiro a altura, alguém que nao se acomodou em viver a vida que estava preparada pra ele e ousou desbravar uma nova história em meio ao cerrado brasileiro. Optou pelo não óbvio. Em Dourados descobri a missão evangélica Caiuá. Um lugar com 82 anos de idade que comporta missionários de todas as partes do mundo que se dipõe a evangelizar e servir ao índio. Um lugar com um hospital indígena exclusivo que cuida de uma população extremamente excluída por aqui. Apaixonei na hora... Espalhei meu interesse em trabalhar lá inúmeras vezes dentro e fora da igreja, mas a coisa ficou morna e eu me acomodei.Dentro das minhas orações falava a Deus que era o único lugar onde eu realmente queria trabalhar... Mas no fundo já havia me conformado que talvez eu não era boa o suficiente para o obra.

O tempo passou e recebi o então sonhado convite.... minha vida tornaria uma loucura, trabalharia em dobro, abandonaria em parte o HU onde já havia iniciado um trabalho muito bacana, Maria ficaria mais sozinha e ainda tinha o mestrado que iniciaria em março... Muitas conversas a dois e falei a frase final: não existe a possibilidade do não. É como se eu negasse tudo que sempre acreditei e preguei desde o início, desde a infância, como se eu negasse o SIM de Deus. Topei...

O previsto aocnteceu. a vida realmente ficou uma loucura. Trabalho das 13 as 19hs de segunda a sexta no Hospital e maternidae Porta da esperança. Faço de parto a arrancar bicho de pé. Tenho alunos e residentes. Minha casa esta entregue. Agora uma empregada chega as 11h e só saí quando chego. As vezes tenho 20 minutos de almoço. Chego em casa e só Deus sabe de onde tiro forças pra me dedicar só a Maria. Perdi o sono e a sanidade nos primeiros dias.

Hoje a coisa entrou na rotina. Sou a mais realizada das mulheres ao dizer que trabalho na Missão. estou aprendendo Guarani e me orgulho disso. Me sinto útil ao extremo. Acho que o preço é alto, mas válido. A sensação é de que não me acomodei. Apesar do turbilhão que vivo, consegui colocar Deus e meus valores sobre tudo. Não SOU NORMAL!

2 comentários:

Bel Boucher disse...

Mari, de perto ninguém é normal!
:-)

E você é muito especial.

Mas espero que você compreenda a SUA missão. Não é exatamente (ou "SÓ") passar os conhecimentos evangélicos para os índios, mas abrir o seu coração para o que eles têm para te ensinar.

Aline disse...

Olás "Les Dês"!! Encontrei este blog pesquisando na internet sobre curso da língua francesa para estrangeiros oferecido pela prefeitura de Paris. Fiquei super feliz quando encontrei o link aqui!! E li as aventuras de vcs na Cidade Luz!! Meu marido, eu e nosso bebê estamos indo em agosto para lá, passar um ano, por motivo de estudos também. Foi muito bom ler sobre as experiências de alguém(s) que já passou pelo que estamos prestes a encarar! Fiquei curiosa para saber um pouco mais, posso perguntar? Se vc não se importar em responder, peço que escreva para aline_gss@hotmail.com. Sobre o curso de francês, vale a pena este da prefeitura? O custo benefício compensa? Como funciona para entrar? Temos que fazer uma prova? Entrevista? Vi no blog uma foto do lugar onde vcs moravam, parecia com algumas fotos que temos visto da Cidade Internacional Universitária de Paris, confere? Se for, como é morar lá? Vcs gostaram? Vale a pena pelo custo? Milhões de perguntas, né? he he... e tenho mais um monte, mas vou esperar pra ver se vcs se dispõem a dividir (mais) experiências, o blog já está super informativo!! Abraços e té mais!!